Tinha 20 anos quando vi Eusébio da Silva Ferreira pela primeira vez. Ao vivo, a cores, longe daquelas imagens cinzentas dos anos sessenta que tinha na memória. Confesso que a minha primeira impressão não foi das melhores. Estava numa discoteca nos arredores do Porto com os meus amigos quando vi o Rei entrar acompanhado da família.Tenho a sensação que foi numa ocasião em que a equipa do SL Benfica se deslocou ao norte do país tendo o "Pantera Negra" como uma espécie de embaixador. Sem modéstias, eu era o mais corajoso do meu grupo de amigos e decidi, envergonhado, pedir-lhe um autógrafo. Não tinha papel. "
Maldição", pensei eu. Lá improvisei um bocado de cartão e uma caneta e, na minha pequenez, dirigi-me a essa figura marcante. Acedeu prontamente a dar-me o autógrafo mas quando lhe mostrei o papel onde teria que assinar perguntou: "
é nessa merda de papel onde tenho de assinar?!". Confesso que, na altura, além de ter ficado envergonhado perante muita gente fiquei arrependido de lhe ter pedido aquilo. Compreendo que aquele homem, habituado aos grandes palcos, pudesse ter ficado desprestigiado pela minha atitude mas não lhe passaria pela ideia saber o que aquele bocado de papel significava para mim porque volvidos mais de 15 anos guardo-o religiosamente com a respectiva data: 11/04/1993. E sim, valeu a pena ter estado ao pé da lenda, do Rei!
Parabéns pelos 70 anos.